31 de maio de 2003

DA SÉRIE DEUS É UM CARA SACANA

justo quando eu tinha pensado que a faringite estava me deixando, amanheci afônica. e justo no dia em que eu pretendia colocar em dia muitos telefonemas pendentes.
TO THOSE OF YOU WHO HAVEN'T NOTICED

estou brincando um pouquinho com o template.

30 de maio de 2003

RAPIDINHAS - FIONA APPLE

"days like this i don't know what to do with myself
all day, and all night
i wonder the halls along the walls
and under my breath i say to myself:
- i need fuel to take flight

and there's too much going on
but it's calm under the waves
in the blue of my oblivion"

SERÁ QUE ROLA? HMMMMM...

tem bunker rave dia 28 de junho. a última foi bem legal. mas sei não. vamos ver.
DISCLAIMER

há séculos tenho quinhentos mil e-mails aguardando minha disposição para redigir uma resposta. se o seu está na fila, peço paciência. será respondido. devo, não nego, responderei quando quiser. senão, vai reply com tpm, e aí não vai prestar.
UPDDATE NO ESTADO DE SAÚDE

estamos em processo de retorno ao mundo dos vivos.

29 de maio de 2003

ODE TO A NIGHTINGALE

"My heart aches, and a drowsy numbness pains
My sense, as though of hemlock I had drunk,
Or emptied some dull opiate to the drains
One minute past, and Lethe-wards had sunk:
'Tis not through envy of thy happy lot,
But being too happy in thine happiness -
That thou, light winged dryad of the trees,
In some melodious plot
Of beechen green, and shadows numberless,
Singest of summer in full-throated ease.

O, for a draught of vintage! that hath been
Cooled a long age in the deep delvèd earth,
Tasting of Flora and the country green,
Dance, and Provençal song, and sunburned mirth!
O for a beaker full of the warm South,
Full of the true, blushful Hippocrene!
With beaded bubbles winking at the brim,
And purple-stainèd mouth:
That I might drink, and leave the world unseen,
And with thee fade away into the forest dim.

Fad far away, dissolve, and quite forget
What thou among the leaves hast never known,
The weariness, the fever, and the fret
Here, where men sit and hear each other groan;
Where palsy shakes a few, sad, last gray hairs,
Where youth grows pale, and specter-thin, and dies;
Where but to think is to be full of sorrow
And leaden-eyed despairs
Where beauty cannot keep her lustrous eyes,
Or new Love pine at them beyond tomorrow.

Away! Away! for I will fly to thee,
Not charioted by Bacchus and his pards,
But on the viewless wings of Poesy,
Though the dull brain perplexes and retards:
Already with thee! tender is the night,
and haply the Queen Moon is on her throne,
Clustered around by all her starry fays;
But here there is no light,
Save what from heavenn is with breezes blown
Through verdurous glooms and winding mossy ways.

I cannot see what flowers are at my feet,
Nor what soft incense hangs upon the boughs,
But, in embalmèd darkness, guess each sweet
Wherewith the seasonable month endows
The grass, the thicket, and the fruit-tree wild;
White hawthorn, and the pastoral eglantine;
Fast fading violets covered up in leaves;
And mid-May's eldest child,
The cuming musk rose, full of dewy wine,
The murmurous haunt of flies on summer eaves.

Darkling I listen, for many a time
I have been half in love with easeful Death,
Called him soft names in many a musèd rhyme,
to take into the air my quiet breath;
Now more than ever seems it rich to die,
To cease upon the midnight with no pain,
While thou art pouring forth thy soul abroad
In such an ecstasy!
Still wouldst thou sing, and I have ears in vain -
To thy high requiem become a sod.

Thou wast not born for death, immortal bird!
No hungry generations tread the down;
The voice I hear this passin night was heard
In ancient days by emperor and clown:
Perhaps the self-same song that found a path
Through the sad heart of Ruth, when, sick for home
She stood in tears amid the alien corn;
The same that oft-times hath
Charmed magic casements, opening on the foam
Of perilous seas, in fairy lands forlorn.

Forlorn!! the very word is like a bell
To toll me back from thee to my sole self!
Adieu! the fancy cannot cheat so well
As she is famed to do, deceiving elf.
Adieu! adieu! thy plaintive anthem fades
Past the near meadows, over the still stream,
Up the hillside; and now 'tis buried deep
In the next valley glades:
Was it a vision, or a waking dream?
Fled is that music: - Do I wake or sleep?"


(John Keats, poeta inglês. esse poema é longo, eu sei. também é um dos que me descabelam. espero que vocês leiam até o fim, e que ele tenha em vocês o mesmo efeito devastador que tem em mim. copiei exatamente do jeito que ele está na edição que eu tenho, que comprei por uma libra (!) num sebo de londres. não sei se é porque ela é de 1966, ou se é porque guarda fidelidade com os escritos do autor, mas tem umas coisas que a gente estranha, como uns acentos aqui e ali. aproveitem. ou passem direto, se não tiverem paciência. a perda será de vocês, não minha.



há poemas que passam, que se vão junto com aquele momento peculiar da nossa vida em que nos tocaram verdadeiramente. e há poemas que ficam. esse ficou.)
O SILÊNCIO É UM ARTE

estou com febre, sono, fome, e condenada a mais um dia de repouso em casa. obviamente, não estou em condições de postar. só sairiam coisas como tenham pena de mim ou vão tomar vocês sabem lá onde. então, em respeito a vocês e a mim, guardo meu silêncio, e volto quando me sentir melhor. o que, eu espero, será ainda hoje, ou pelo menos amanhã.

28 de maio de 2003

LEVANTE O DEDO QUEM FICOU A NOITE EM CLARO POR CAUSA DE UMA MALDITA FEBRE

vocês não podem ver, mas eu estou com o dedo levantado.

27 de maio de 2003

AND, YES, THERE'S ALWAYS A BRIGHT SIDE

cobertor, sofá, chocolate quente, um bom livro. ou buffy na tv.
ÁCAROS PRA QUE TE QUERO

um dos meus maiores dramas nos dias frios é o incômodo de usar sandálias havaianas com meias. só não é pior que a poeira que sobe quando tiramos os cobertores de pelúcia dos armários onde eles ficam confinados durante a maior parte do ano. sou um ser dolorosamente alérgico.
LIGA NÃO, ISSO É UM TESTE

ok, aparentemente o w.bloggar voltou. em bom tempo.
A PANTERA
No Jardin des Plantes, Paris

"Seu olhar, de tanto percorrer as grades
está fatigado, já nada retém.
É como se existisse uma infinidade
de grades e mundo nenhum mais além.

O seu passo elástico e macio, dentro
do círculo menor, a cada volta urde
como que uma dança de força: no centro
delas, uma vontade maior se aturde.

Certas vezes, a cortina das pupilas
ergue-se em silêncio - Uma imagem então
penetra, a calma dos membros tensos trilha -
e se apaga quando chega ao coração."


(Rainer Maria Rilke, poeta alemão.)

26 de maio de 2003

BOOKMARK

dia oito de junho. aguardamos com leve grau de ansiedade.
SAME OLD, SAME OLD

não postarei grandes detalhes a respeito do resto do meu fim de semana. não porque haja alguma coisa pra dizer, mas precisamente pelo contrário. foi bom, cansativo, etc. etc.etc. ou seja, o de sempre. a babilônia foi legal. rimos loucamente das bobagens intermináveis que inevitavelmente são proferidas quando você não seleciona muito o que diz. fiz comprinhas. encontrei pessoas inesperadas. fora disso, também gostei da loud!. e isso era previsível, afinal, fora o lugar, tínhamos os djs de sempre, a música de sempre, e, surpreendentemente, até as pessoas de sempre. ninguém está se queixando, mind you. pessoas que furaram perderam uma festa ótima. mas não tenho muito a dizer. só que foi bom. pra variar. enfim.
MOMENTO DIDÁTICO

rapazes, não digam a uma mulher que ela é bonitinha. nunca. jamais. em tempo algum. isto é, se estiverem interessados em qualquer reação minimamente diferente de um gelo total e absoluto. não, não se diz isso pra ninguém. nem pra amiga. nem pra irmã. nem pra sua tia avó varizenta e solteirona. não, isso não é adequado em contexto nenhum. interessante vale. atraente vale. até teus corno é show (ui) soa melhor que bonitinha.

ok, mentira, não soa não. quem fala teus corno é show deveria ser sumariamente executado. but then again, talvez alguém que acredite genuinamente que bonitinha é um elogio também devesse.
AI, SACO

não sei o que está rolando com o w.bloggar. o bicho não posta de jeito nenhum. tá foda.

25 de maio de 2003

E JÁ QUE ESTAMOS PROFERINDO FRASES DE EFEITO...

love will bring us together, love will tear us apart. issaí. ver a rapidinha abaixo.
ALERTA VERMELHO: POST ARROGANTE A SEGUIR

me perguntaram isso de novo ontem, sempre acabam me perguntando, mas menina, você se vê casada, com filhos, sogros, cunhados, cachorro, apartamente de três quartos, casa de praia, carro de quatro portas, o pacote completo? não sei. filhos, sim, imagino filhos. o resto é que é a incógnita. o fato é, a não ser quando me apaixono (a.k.a. quando minha visão se obscurece com patetices tiradas de contos infantis e comédias românticas protagonizadas pela meg ryan ou similares), não consigo me imaginar dividindo pra sempre a vida e o porta escova de dentes com ninguém. falaria de coisas como rotina e claustrofobia, mas isso tudo já foi dito antes e ninguém duvida que se aplique aqui. mas é mais que isso. tem mais a ver com a efemeridade de tudo que é matéria. me disseram ontem, a gente tem que aprender a amar as coisas que apodrecem. de fato. é que tudo acaba, e pessoas só deveriam permanecer ao nosso lado enquanto ainda tiverem algo a nos dizer. mas nós precisamos nos trancar definitivamente uns com os outros, precisamos criar toda essa balela da permanência porque só encontramos segurança em correntes, amor pra ser amor tem que ser vitalício, não, vitalício não, eterno. porra nenhuma. com o tempo, não há mais nada a ser dito, e permanecemos em relações mais por inércia do que qualquer outro motivo. elas viram sofás, ora confortáveis, ora desconfortáveis, mas sofás. ficamos paralisados nelas porque gostamos do que nos aprisiona. e eu, por minha vez, gosto de afagar meu próprio ego pensando que não, não haverá sofá confortável o suficiente pra me impedir de prosseguir no caminho. que por mais eficientes que sejam as correntes, eu acabarei enxergando através delas e então elas não mais me deterão. e, acima de tudo, que eu me recuso a aderir a essa ilusão coletiva de que só encontramos nosso sentido no encontro com o outro. há beleza no encontro, no doubt about it. mas reduzir a beleza do mundo a esse encontro é uma idiotice digna de um filme da meg ryan. and sorry, love, i'm better than that.
RAPIDINHAS - JOY DIVISION

"when routine bites hard, and ambitions are low
and resentment rides high, but emotions won't grow
and we're changing our ways, taking different roads
then love, love will tear us apart again"


(essa música ficou literalmente ecoando na minha cabeça depois que tocaram ontem. quando saía da pista, minha sensação era de que estavam tocando de novo e de novo e de novo. ouvia a música ao longe. e, segundo me disseram, a sensação não foi só minha.)

24 de maio de 2003

I DON'T BLAME HIM FOR THINKING THAT



ah, sim, fui saber ontem. um amigo me disse, antes de te conhecer, você era a amiga da menina da saia. rectius: amiga ANTIPÁTICA da menina da saia. mas sério, eu tinha medo de você. muito medo.
... MUST I? REALLY?

e agora, ralar. pelo menos é no jockey, e perguntas do tipo "mas o que é rave?" de clientes sem noção que não entendem o que está escrito na estampa da camisa rendem boas risadas. a gente ganha pouco, mas se diverte.
RESUMO ANALÍTICO DO FIM DE SEMANA - 1. ALIEN NATION

foi melhor do que eu esperava, essa alien nation no nautilus. o lugar encheu suficientemente, mas não insuportavelmente, o que definitivamente é um ponto a favor (essa frase fez eco, ha). o público é quase o mesmo da bunker. então, um mulão de gente conhecida, e também aquelas caras familiares, mas nunca formalmente apresentadas. nos meus destaques pessoais da set dos djs, temos paranoid android, cherry lips, love will tear us apart, this picture e ask. ah, sim, e achei uma graça quando um dos djs (acho que era o wilson power, mas me falha a memória) agradeceu a fidelidade do público da festa, que a segue para onde quer que ela vá. vocês são foda, ele disse. sim, somos. apesar de que, mind you, a rigor eu não faço parte do público cativo da festa. quem se importa?
ROTEIRO RESUMIDO DO FIM DE SEMANA

1. alien nation - sexta à noite - OK
2. babilônia feira hype - sábado à tarde
3. loud! - sábado à noite
4. babilônia feira hype - domingo à tarde

créditos para a menina da saia, que, sendo a boa amiga que é, me deixou escolher os locais que terão o privilégio da nossa presença no fim de semana. porque, na boa, eu não aguentava mais ouvir house a noite inteira.

23 de maio de 2003

E EU NÃO DISSE?

matrix reloaded é infinitamente inferior ao primeiro filme. tem umas ceninhas legais, não nego. mas é só. predominam momentos infinitamente bregas, como keanu reeves em versão para o alto e avante, laurence fishburne equipado com uma barriga que merecia CEP próprio levantando os muques em um surto iludido de nós venceremos, e carrie ann moss dando uma de macho, foda-se a raça humana, tire suas patas sujas do meu homem. e a tal zion é um cortiço subdesenvolvido e pré histórico, com montes de gente suja e suada, que aguarda apreensivamente o apocalipse enquanto se pega em câmera lenta numa rave uga uga. fala sério.
ON THE BRIGHT SIDE

tinha emprestado um cd a uma amiga, dizendo, vai, tomaí, vê se gosta. hoje ela me disse, sabe o que é, gostei demais da conta, vou devolver não.

adoro quando coisas assim acontecem.
POR QUE NOME CHAMAREMOS

"Por que nome chamaremos
quando nos sentirmos pálidos
sobre os abismos supremos?

De que rosto, olhar, instante,
veremos brilhar as âncoras
para as mãos agonizantes?

Que salvação vai ser essa,
com tão fortes asas súbitas,
na definitiva pressa?

Ó grande urgência do aflito!
Ecos de misericórdia
procuram lágrima e grito,

- andam nas ruas do mundo,
pondo sedas de silêncio
em lábios de moribundo."


(Cecília Meireles, escritora brasileira)
VAI UM BANHO DE SAL GROSSO COM ARRUDA AÍ?

a bruxa me pegou. agora espero que me largue. estamos trabalhando pra isso.

21 de maio de 2003

A COMPASSIONATE EYE



(não me perguntem de onde tirei a dica. foi de algum lugar, isso é certo. não lembro. estava mofando nos meus favoritos. a imagem me comove.)
EU ODEIO SITES COM ABERTURA EM MIDI

deveria haver um dispositivo no código civil incluindo no rol de absolutamente incapazes todas as pessoas que se iludem pensando que entafulhar suas páginas com a patetice dessas musiquinhas bagacentas e meladas é uma boa idéia. é incontestável que tais criaturas são desprovidas do mínimo discernimento exigível para a prática de qualquer dos atos da vida civil.
E EIS QUE RESSURGE O LIVRO

"A minha vida eu a vivo em círculos crescentes
sobre as coisas, alto no ar.
Não completarei o último, provavelmente,
mesmo assim irei tentar.

Giro à volta de Deus, a torre das idades,
e giro há milênios, tantos...
Não sei ainda o que sou: falcão, tempestade
ou um grande, grande canto."


(Rainer Maria Rilke, poeta alemão)

20 de maio de 2003

OUTRA VERIFICAÇÃO EMPÍRICA

existe um buraco negro na minha casa.
WHATEVER

ia postar um poema do rilke, de um dos livros que adquiri na bienal. acho que seria o primeiro poema dele publicado aqui em tradução não para o inglês, mas para português. a edição que comprei é bem legal, boa seleção. bilíngüe, a COMPRA influenciada pela hipótese remota de um dia talvez eu ser capaz de ler no original em alemão. mas não postarei. alguém sumiu com o livro. olha que nem é dia de faxina. então, rodou.

o mais provável é que ele tenha sido empurrado pra algum canto, por mim mesma, talvez. postarei quando ele ressurgir, se ainda estiver no humor.
ON THE BRIGHT SIDE

as vindas de minha mãe também são acompanhadas por café fresquinho todo dia de manhã. quem me conhece, sabe. é um dos caminhos mais curtos pro meu coração.
HAJA INCENSO DE CITRONELLA

minha mãe, quando vem visitar, traz os mosquitos. e eles me adoram. se houver um filhote de mosquitinho hematófago num raio de cinquenta quilômetros quadrados, ele achará seu caminho até mim, para deixar de lembrança um edema que me incomodará noites e dias e noites a fio. questão de consideração. parece que minha mãe sempre carrega com ela famílias e famílias dos malditos, e eles invariavelmente permanecem até mais ou menos uma semana depois dela ir embora. não me peguntem como ou por que isso acontece. trata-se de uma verificação puramente empírica, e não tenho qualquer teoria para explicá-la. se alguém quiser se candidatar a fazê-lo, be my guest.

19 de maio de 2003

MAIS SOBRE A BIENAL

quando vi o livro do alexandre, disse pra mi mesma, taí, é o universo falando, tenho que comprar e conferir. fiquei comovida com o senhor que me vendeu, que me disse, muito bom esse livro, quando pus minhas mãos no original, pensei, esse vai ser o primeiro best seller da editora. e sorriu. e eu discuto com meus botões, talvez seja bom que não seja. não para o autor, mais uns trocados na conta bancária sempre ajudam. mas para o trabalho. sempre achei que a popularidade desmerece a obra. e digo logo, nem comecem a desperdiçar saliva, porque eu sei que isso é um dos preconceito mais clássicos e batidos do mercado. mas saber disso não impede o vago ranço que me vem na boca, nem aquele meu levantar descrente de sobrancelhas toda vez que me dizem, ah, não-sei-o-quê é muito bom, seguido de, um sucesso, vende em bicas, ao que respondo com um aham distraído, e uma secreta inclusão do produto na lista dos *mustmiss*, como bem diria um amigo meu.

o que não me impede de desejar sucesso ao alexandre. não é porque eu sou uma idiota preconceituosa que ele deixa de merecer todo reconhecimento do mundo pelas excelentes linhas que escreve. ah, isso não.
E A BIENAL

pensei seriamente em fazer um post listando os livros que comprei na bienal. como foram mais de trinta, desisti da idéia. mas me esbaldei. minhas duas acompanhantes foram bastante pacientes comigo, e só reclamaram um tantinho assim. pessoas acharam o lugar cheio, mas já vi bienais mais cheias, até porque, sim, havia muita gente, mas também havia bem mais espaço, porque agora o evento ocupa três pavilhões. não estrei no famigerado café literário, porque, ao contrário da maior parte dos brasileiros, abomino fila. meus detaques na lista de compras foram rilke, clarice, caio fernando abreu, e, last but not least, alexandre soares silva, colega blogueiro. saí exausta, mas em estado de graça.
REFLEXÃO SOBRE O DISCLAIMER

preciso aprender mais a respeito da arte de ficar de boca fechada. porque o silêncio é uma arte. será que existe algum seminário a respeito?
DISCLAIMER

leiam meus lábios: não mando mensagens pra ninguém nas entrelinhas desse blog. se tiver alguma coisa pra dizer pra alguém, digo ou não digo. só alfineto pessoas olhando nos olhos e com todas as letras. algumas situações concretas inspiram posts, sim, claro. mas não tenham dúvidas, essas situações são apenas e exatamente isso: inspirações, pontos de partida para um raciocínio mais amplo e absolutamente destacado delas. e se a carapuça serviu, que sirva, mas a intenção não foi essa. principalmente porque, quando posto, tento conscientemente me convencer de que ninguém vai ler. é diálogo interno.

então, se você às vezes lê isso aqui e fica se perguntando, será que isso aqui foi pra mim?, respondo logo. não, não e não. ficou claro? repito: NÃO.

18 de maio de 2003

PLEASE, DON'T SPARE ME

estou me dando conta disso. de que eu sou uma tremenda masoquista. costumo escolher a verdade mais dolorosa sobre a mentira mais necessária, pura e simplesmente porque é a verdade, e a verdade é a verdade. odeio que me protejam daquilo de que eu não preciso ser protegida. odeio elogios falsos e vazios. odeio que passem a mão na minha cabeça quando busco transparência. sim, a verdade às vezes dói. mas eu prefiro a dor à anestesia, porque ela me parece mais honesta. prefiro ser derrubada ao chão e aprender aos poucos a me arrastar até que consiga levantar de novo, a viver emocionalmente aleijada, imiscuída em incontáveis muletas, respirando apenas com a ajuda de aparelhos. mas repito, sou masoquista. e tenho o péssimo hábito de achar que todo mundo é assim. longe disso. as pessoas só querem verdades enquanto elas soarem agradáveis, e as que dizem o que todo mundo pensa mas não diz são sempre consideradas as mais mal educadas da paróquia.

e nesse ponto, sim, meu voto vai para as pessoas mal educadas. pra mim, sinceridade é questão de consideração. sou dolorosamente transparente com as pessoas que respeito, que admiro, que amo, porque acho que elas merecem isso, que eu devo isso a elas. devo a elas não poupá-las do que eu no fundo no fundo penso. não diminuí-las com afagos ególatras descartáveis e dispensáveis. espero exatamente isso das pessoas que me respeitam, que me admiram, que me amam.

e, sim, algumas vezes precisamos ser poupados. aqueles que precisarem, avisem. eu os pouparei.

17 de maio de 2003

AND TODAY

dormir às seis e meia da manhã. acordar com o telefone tocando na madrugada de meio dia, uma, duas, três vezes. primeiro a embratel, me perguntando por que não paguei uma conta no valor de, sei lá, uns cinco reais. quem é que se lembra de pagar uma conta de cinco reais? segundo, família, viajei, esqueci o celular com fulano, ligue pra ele pedindo pra colocar no siga-me, não esqueça de dar a comida e a homeopatia do cachorro, mãe chega à noitinha, deixe tudo arrumado, ok, ok, tchau. terceiro, a rainha dos baixinhos, emergência, quebrei o cartão do banco, me empresta uma grana até eu conseguir uma segunda via, ok, noite de ontem, fofocas, comentários, preocupações, conselhos, ligue pra fulano, beltrano, passe aqui. então, desistir de dormir, faringite querendo voltar, conversas no msn messenger, lasanha light da sadia de almoço, ally mcbeal, buffy, do que as mulheres gostam, seguidos por ioga. daí dei bolo em pessoas, levei bolo de pessoas. espero ser perdoada e perdoar. mãe liga, estou no rebouças, você vai ficar em casa não é, estou sem chave. sim, aguardo. telefonema pra pai, só confirmando bienal amanhã, confirmado, ok, tudo bem? tudo bem. mãe chega, presentes, conversas rápidas, saudades, compras no zona sul. e convite, sessão dvd, você tem como ver se consegue alugar hedwig? tentarei. não, cada um leva uma coisa, traga o que quiser comer e me encontre na saída do meu trabalho. encontrarei.
LAST NITE

estava dançando com um rapaz ontem, e ouvi dele o singelo comentário: inacreditável, uma mulher que rebola tanto quanto eu.

ainda estou refletindo sobre a conclusão a que devo chegar. por ora, digo apenas isso. é o ioga, baby. artigo no masculino, mind you.
RAPIDINHAS - PORTISHEAD

"i can't hold this state anymore
understand me anymore
to tread this fantasy, openly
what have i done?
oh, this uncertainty is taking me over"

16 de maio de 2003

NOTÍCIAS CRIPTOGRAFADAS DE OUTRO FRONT

a bruxa continua solta. coisas acontecendo, coisas sérias, coisas ligeiramente revolucionantes. nada diretamente comigo. felizmente. ou infelizmente. mas é fato que o universo anda saracoteando por aí com seu tratorzinho de demolição, não deixando pedra sobre pedra do mundo de um monte de gente. sim, pra algo novo surgir, algo tem que desaparecer. sim, sim. e chega de paulo coelho por esse século. inegável que o processo é doloroso. sim, é processo. sim, por definição, passa. mas saber disso não serve de anestesia. ô, e como não serve.
NOTÍCIAS DO FRONT

casa da matriz. ontem. festa paradiso/febre. edinho+tito numa pista, e drum n' bass na outra. não me peçam pra lembrar o nome dos djs: pra mim, djs de música eletrônica são todos iguais, as músicas são todas iguais e todos os tipos me cansam depois de um tempo (ok, sei que acabei de proferir o que muitas pessoas considerariam um sacrilégio, mas a verdade é a verdade).

revezamos de uma pista a outra algumas vezes, mas acabei dançando menos do que gostaria - o que não me impediu de ouvir o edinho tocando várias das minhas músicas prediletas, incluindo uma versão de paranoid android que eu não conhecia (ao que se seguiu um momento-surto básico, como já é perfeitamente previsível). mas num dos momentos em que circulávamos, percebi que na televisão no segundo andar estavam passando a última cena de 24 hour party people. deste ponto em diante, foi um inevitável pára tudo: implorei (na forma mais literal possível. só faltou oferecer favores sexuais) pra reprisar o filme, aumentei o volume da tv, fechei a porta do quarto, sentei no sofá, e assisti, início, meio e fim. só faltou a pipoca e o cobertor, porque fazia um frio desgraçado no lugar.

resumindo, gostei, a casa é simpática. não é a bunker. é bem menor. os atendentes são gente boa. o público é bem educado. os banheiros são limpos. fazer o que, nada é perfeito. fora isso, é frequentável. voltarei.

ODEIO IR CONTRA O HYPE, MAS...

mentira. adoro ir contra o hype
. mas é fato, estou farta de ouvir falar sobre matrix reloaded. já perdi a conta da quantidade de gente que está contando segundos para a estréia, e parece que não há nada mais no mundo acontecendo esses dias, porque a mídia só fala nisso. chego ao cúmulo de ter arrepios na base da espinha (e não do tipo agradável, mind you) só de olhar pra fuça do keanu reeves usando aqueles óculos escuros mamãe-sou-poser, o que, convenhamos, é drástico. ok, people. get a life. o filme vai ser uma merda. mesmo que seja ótimo, vai ser uma merda. nada sobrevive ao peso de tamanha expectativa. NADA.

aliás, isso tudo soa como reprise do bafafá em torno do episódio I de star wars. que, se bem me lembro, era uma boa bosta.

15 de maio de 2003

TERRA DOS HOMENS

"Mais coisas sobre nós mesmos nos ensina a terra que todos os livros. Porque nos oferece resistência. Ao se medir com um obstáculo o homem aprende a se conhecer; para superá-lo, entretanto, ele precisa de ferramenta. Uma plaina, uma charrua. O camponês, em sua labuta, vai arrancando lentamente alguns segredos à natureza; e a verdade que ele obtém é universal. Assim o avião, ferramenta das linhas aéreas, envolve o homem em todos os velhos problemas.

Trago sempre nos olhos a imagem de minha primeira noite de vôo, na Argentina - uma noite escura onde apenas cintilavam, como estrelas, pequenas luzes perdidas na planície.

Cada uma dessas luzes marcava, no oceano da escuridão, o milagre de uma consciência. Sob aquele teto alguém lia, ou meditava, ou fazia confidências. Naquela outra casa alguém sondava o espaço ou se consumia em cálculos sobre a nebulosa de Andrômeda. Mais além seria, talvez, a hora do amor. De longe em longe brilhavam esses fogos no campo, como que pedindo sustento. Até os mais discretos: o do poeta, o do professor, o do carpinteiro. Mas entre essas estrelas vivas, tantas janelas fechadas, tantas estrelas extintas, tantos homens adormecidos...

É preciso a gente tentar se reunir. É preciso a gente fazer um esforço para se comunicar com algumas dessas luzes que brilham, de longe em longe, ao longo da planura."


(Antoine de Saint-Exupéry. comprei meu exemplar num sebo. eles tinham duas edições diferentes, e numa delas o proprietário anterior rabiscado a contracapa a caneta, dizendo, não ouse ler esse livro, ele é chaaaaaato. comprei o outro volume. comecei a ler ontem. e já discordo do desconhecido rabisquento.)

14 de maio de 2003

THE APPLE DOESN'T FALL FAR FROM THE TREE

céus. céus. céus. minha família é surtada. alguns, eu não considerava surtados, mas, bem, estava errada. estes também. ninguém escapa. todos casos perdidos.

sim, todos.

não contarei a estória. SURREAL demais pro blog. céus.
A BOA DO FIM DE SEMANA

e a bienal, hein? irei. evidentemente.

13 de maio de 2003

CARTA DESSES DIAS




puxei aleatoriamente hoje, e encaixou.
ISSO NÃO É RECLAMAÇÃO, É ANTES A MERA CONSTATAÇÃO DE UM FATO

as pessoas não têm comentado. têm vindo, tanto quanto vinham antes, mas não têm comentado. talvez isso seja bom. não sei. estou considerando seriamente fazer o que muita gente faz pra manter o fluxo, e tirar o sistema de comentários. a idéia de escrever pra mim e não pros outros. o que, sei lá, me soa uma balela, porque se quisesse mesmo escrever pra mim, só pra mim, escreveria num caderninho que esconderia no fundo de alguma gaveta, ou digitaria e guardaria os arquivos em c:/meus documentos, ou qualquer coisa que o valha. se quisesse verdadeiramente escrever pra mim não publicaria o que escrevo na internet. não colocaria no lugar mais público do mundo. mas enfim, é fato que a interferência alheia afeta o fluxo. preciso ainda decidir se, no meu caso específico, torna o que escrevo melhor ou pior. não sei. só sei que ando sem paciência pra responder a comentários. por favor, se alguém aí espera resposta aos comentários, desista nesse minuto. mande um e-mail, o link tá ali do lado. garanto resposta.

e, finalmente, imploro que vocês não leiam esse post como uma crise de carência e comecem a inundar esse blog com comentários do tipo, veja só, eu estou aqui, eu leio, eu comento, só porque eu falei no assunto. deixem pegadas se quiserem. passem reto se quiserem. mandem um e-mail se quiserem.

a casa agradece a atenção.
NÃO PENSE EM ELEFANTES ROSAS

deveria ser fácil assim, apertar o botão de fast forward, e nos encontrarmos muito adiante na nossa história, resolvidos todos os problemas que a gente sabe que a passagem do tempo vai resolver, todos esses problemas que ainda não se resolveram porque o tempo ainda não passou. deveria ser fácil assim. quase sempre consigo me manter impassível diante das questiúnculas que ilustram as páginas da vida, basta-me conversar comigo mesma e está tudo certo. visto pra mim mesma meu meio sorriso, aquele sorriso confiante e malicioso de quem trapaceou, leu o último capítulo do livro e já sabe que o final vai ser feliz. mas de vez em quando, muito de vez em quando, não é assim, e eu gostaria que fosse, ou que pelo menos desse pra atravessar esses quandos em passo bem acelerado, olhos fechados, sem olhar pra baixo. faça eu o que fizer, que eu não olhe pra baixo. e então, ooops, tarde demais, olhei.

deveria ser fácil. apertar um botão. passou. novas questões. sorriso confiante e malicioso, o final vai ser feliz. deveria ser fácil assim.
CONTATOS IMEDIATOS DE QUARTO GRAU

conheci a menina figurinha no sábado. o cenário era a babilônia feira hype, onde eu ralava (ok, o termo é forte, o serviço não é tão puxado assim) e ela (imagino) passeava e se mantinha informada a respeito das mais bombantes novidades do cenário ripongo-modernoso. o universo pareceu tentar puxar o tapete de início, a menina passou no meu estande exatamente num momento em que eu me encontrava ausente. acabamos nos esbarrando instantes depois, enquando eu e minha comparsa x9 (que já tinha ido fazer pesquisa de campo no trabalho dela e agora já está íntima - típico!) saracoteávamos pelo lugar. ouvimos um fabíola?!?, nos voltamos, e lá estava ela, usando um suéter technicolor, que, come to think of it, encaixava exatinho com o layout do blog. conversamos alguns minutos, disparei a meia dúzia de piadas sem graça que guardo na manga praqueles momentos em que me sinto vagamente desconfortável. depois alguém falou algo a respeito de o universo às vezes conspirar a favor, e eu concordei meio desconfiada, é, aham, sei não, vamos ver. com isso, e depois de expressarmos sinceras (de minha parte, pelo menos) intenções de combinarmos alguma coisa em outra ocasião pra conversar com calma, nos despedimos, a moça sendo devolvida para seu acompanhante do sexo masculino que não se apresentou, não foi apresentado e permaneceu a uns dez metros de distância durante todo o tempo em que fofocávamos, eu tomando vergonha na cara e retornando ao estande que eu já negligenciara suficientemente.

no saldo, achei a menina simpaticíssima, o que é raro, não costumo gostar de quase ninguém de cara. mas, enfim, deve ser como ela disse, de certa forma já nos conhecíamos. mas, ainda assim, se a empatia não for recíproca, peço a ela que releve qualquer que seja a conclusão a que chegou a meu respeito depois do encontro. costumo deixar péssimas primeiras impressões nas pessoas. dizem que depois passa. na maior parte das vezes. but then again, às vezes piora. ó céus.
A FANTÁSTICA FÁBRICA DE CHOCOLATES

estou de saco cheio de dar títulos aos meus posts. acho que vou fazer que nem o marcelo, do blogauti. faltando título, ponho uma seqüência de letras sem qualquer sentido. ou não haverá título. ou o título será uma frase desconhecida e nada a ver. ou uma frase conhecida e nada a ver, como "a fantástica fábrica de chocolates". significante sem significado. significa dizer (sacou o trocadilho? sacou? hmmmm, é mesmo, trocadilho idiota), cansei dos títulos. título é rótulo, e rótulo é uma simplificação reducionista que jamais pode expressar verdadeiramente o conteúdo em sua totalidade, e vou parar por aqui porque acenderam simultaneamente os letreiros luminosos de CLICHÊ e REDUNDÂNCIA na minha cabeça.

(e vocês ainda são obrigados a aturar essas minhas patetadas idiossincráticas. sim, eu sei, obrigados não, vocês entram aqui porque querem. issaí. tomem.)
SOMETIMES I REALIZE

meu deus, COMO EU FALO BOBAGEM.
AND YOUR PREJUDICE WON'T KEEP YOU WARM TONIGHT

tenho pavor de ser julgada. ok, não é exatamente pavor. é um misto de pavor, insegurança e ódio mortal. junção de deus, mas o que será que eles vão pensar com um sifudê, seu merda, quem é você pra chegar a conclusões a meu respeito? isso de início. e, apesar do medo, quase sempre acabo sendo julgada de qualquer maneira. do lado de fora dou de ombros, do lado de dentro me martirizo mais um pouquinho, e então dou de ombros. com o tempo, e a persistência na conduta, acaba ficando um ranço. a relação vira queijo suíço. uma daquelas pontes frágeis que se estendem sobre abismos, dessas que a gente vê em filme de aventura, as cordas lentamente apodrecendo debaixo de sol, de neve e de chuva, rompendo, uma a uma, dia a dia. questão de tempo até a travessia se inviabilizar por completo.
NÃO, EU TAMBÉM NÃO ENTENDO

há momentos em que pra estar mais próxima de certas pessoas, preciso me distanciar delas.

12 de maio de 2003

E AGORA

retorno ao jejum. já faz efeito, mas ainda não está completo.

meanwhile, futilidades se acumulam numa pilha à esquerda do meu computador, sob a inscrição "para postar". sim, à esquerda. sempre à esquerda.

aguardem.
R.I.P.

eduf diz por que

lia sempre. era (e esses verbos no pretérito soam saudosistas demais pra algo que está terminando hoje) um dos espaços com mais neurônios por metro quadrado da internet. só por isso, já lamento o fim. mas enfim, tudo acaba um dia, e que bom que acaba, etc etc etc.
ATRASEI, MAS NÃO ESQUECI

semana passada. vale pra outubro também.

9 de maio de 2003

CONTINUÍSMO É UM SACO

então. não tá rolando.

aproveito que isso aqui está às moscas. vou dar um tempo. vou curar minha faringite. praticar ioga. ler. trabalhar. dançar. ler. trabalhar mais. dormir. ler. não postarei. a princípio, até segunda. mas não sei. vamos ver. quem quiser me encontrar, ali do lado tem link pro e-mail. usem-no. também podem me visitar na babilônia feira hype, onde estarei fazendo vezes de vendedora no estande da dxis. ou podem me ligar. ou me catar no icq. ou amarrar uma melancia no pescoço pra desfilar na porta da minha casa. qualquer outra coisa, sei lá, usem a imaginação. eu não sou difícil de achar.

se eu não voltar, é porque me converti ao islamismo e virei mulher bomba pra lutar contra o grande satã. ou porque fui para o tibete em busca da resposta definitiva. ou porque fui nomeada ministra do supremo tribunal federal. ou porque não tenho mais nada pra dizer. levando probabilidades em consideração, acho que volto. mas não sei.

no meio tempo, leiam as pessoas ali do lado. são melhores que eu. aliás, com tanta gente boa por aí, não tenho idéia do que vocês fazem aqui. francamente.
É MAIS OU MENOS ISSO

"Na verdade ainda não estou vendo bem o fio da meada do que estou te escrevendo. Acho que nunca verei - mas admito o escuro onde fulgem os dois olhos da pantera macia. A escuridão é meu caldo de cultura. A escuridão feérica. Vou te falando e me arriscando à desconexão: sou subterraneamente inatingível pelo meu conhecimento.

Escrevo-te porque não me entendo."


(Clarice Lispector, in Água Viva)

8 de maio de 2003

UM MOMENTO DE SILÊNCIO

estou em luto antecipado, porque a fraude vai fechar suas portas na próxima segunda feira, dia doze. nesta entrevista, o criador, eduardo fernandes, eduf para os íntimos (não, não sou íntima), esclarece por que.
MAIS UMA

"acho pouco civilizado acreditar muito no que se está dizendo."

(alexandre soares silva. outro autor de frases que ficam chicletando na minha cabeça.)
REMÉDIO CONTRA A SOLIDÃO

"para quem acha que solidão tem remédio. tem não. sabe por que? porque não é doença."

(ram. esse rapaz volta e meia diz umas coisas que ficam reverberando na sua cabeça. essa é uma.)
FRAGMENTOS

"eu queria poder ver todas as fotografias em que eu já apareci. aquelas que tiram na hora que você tá passando distraído e - tchannn - seu rosto fica registrado na história de alguém absolutamente desconhecido. às vezes é só uma cabeça virada, ou só uma mancha, ou um ângulo estranho, mas ainda assim é um registro.

queria saber em quais países estou guardado, em quais casas estou hospedado, em quantos papéis estou impresso. quem me tem? quero saber. quantos pedaços de mim tem no japão? sim, porque os japoneses são os que mais tiram fotos. será que estou na áfrica, na austrália e polinésia?

queria um mapa mundi com alfinetes espetados nos países que me guardam. será que tô feio na foto? será que fiquei bem? será que alguém já comentou daquele menino ali? será que zombaram? será que se apaixonaram? será que recortaram meu pedaço fora? será que me costuraram na boca de um sapo?

será? quero saber."


(criminal, num post recente. quando terminei de ler, me dei conta de que assino embaixo.)

MOMENTO COPY AND PASTE

taí. hoje, está decidido. citarei os outros. porque minhas idéias são mais do mesmo, e eu já estou de saco cheio do mesmo. e também porque dói quando eu falo.
FRASE DA SEMANA

recebi essa do meu pai nesse instante. não sei de quem é. se alguém souber, comente, por favor.

"quando a gente pensa que sabe todas as respostas, vem a vida e muda todas as perguntas."

7 de maio de 2003

UNFORTUNATELY, STILL ON IT

a faringite do inferno. on the bright side, o homeopata me deu uns toques. talvez depois dessa ela não volte tão cedo. mas algo me diz que isso é sonhar alto demais.
STILL ON IT

...................sim, mas o projeto de reforma da previdência social...................
EM RESPOSTA AOS COMENTÁRIOS DE UMA AMIGA PREOCUPADA

baby, a gente não escolhe o que nos incomoda. o que nos instiga. o que nos desafia. o que nos agrada. o que nos preocupa. como não escolhemos o que amamos, o que odiamos. acredite, gostaria muito, mas muito mesmo, que minha única preocupação na vida fosse o sapato que pretendo usar pra ir à festa de sábado. não é. queria que fosse. as coisas seriam mais simples, e pouco me deixaria mais feliz do que isso, ser mais simples. mas a gente não escolhe. a gente só pode ser o que é.

cada um com as suas questões. você tem lá as suas, que eu sei. podem ser menos abstratas, mais ligadas ao que se convencionou chamar de realidade-pé-no-chão-feijão-com-arroz, mas são questões. podem ocasionalmente soar bem bestas na minha humilde opinião. ou parecer algo com que não valha a pena se preocupar. mas pense eu o que eu pense, continuarão sendo as suas questões. eu tenho cá as minhas. é só isso.

6 de maio de 2003

I TOLD YOU NOT TO ASK

e o que pesa é uma âncora? e se for? é isso que me salva de definhar à deriva? ou é o que me impede de seguir viagem? me protege ou me paralisa? céus. e me lembro do que um ex-namorado de adolescência, burrinho, coitado, me dizia sempre, você pensa demais.

ou talvez ele não fosse tão burrinho assim.
DON'T ASK

acho que meus momentos mais difíceis são aqueles em que não sei o que quero dos outros, do mundo, do futuro, da vida, de mim. os momentos em que me convenço de que no fundo no fundo não tenho nada, não quero nada, não estou indo pra lugar nenhum, e nada virá a seguir. esse nada feito de instantes e estímulos seqüenciais mal travestidos de ordem cósmica. e que, depois disso, mais outro nada. nesses momentos tudo pesa. e não tem muito que soe tão cruamente verdadeiro quanto isso.
ÁGUA VIVA - TRECHO

"Atrás do pensamento atinjo um estado. Recuso-me a dividi-lo em palavras - e o que não posso e não quero exprimir fica sendo o mais secreto dos meus segredos. Sei que tenho medo de momentos nos quais não uso o pensamento e é um momentâneo estado difícil de ser alcançado, e que, todo secreto, não usa mais as palavras com que se produzem pensamentos. Não usar palavras é perder a identidade? é se perder nas essenciais trevas daninhas?

Perco a identidade do mundo em mim e existo sem garantias. Realizo o realizável mas o irrealizável eu vivo e o significado de mim e do mundo e de ti não é evidente. É fantástico, e lido comigo nesses momentos com imensa delicadeza. Deus é uma forma de ser? é a abstração que se materializa na natureza do que existe? Minhas raízes estão nas trevas divinas. Raízes sonolentas. Vacilando nas escuridões."

(Clarice Lispector)
DAMN IT

a faringite voltou. não falarei mais nenhum palavrão porque sou uma menina educada.

5 de maio de 2003

TRILHA SONORA PARA OS ÚLTIMOS DIAS, PARA TODOS OS DIAS

vocês já devem ter percebido. tenho retornado aos meus clássicos para trilha sonora. p j harvey, fiona apple, the smiths, placebo, e, always always always radiohead. daqui a pouco volto a ir atrás de novidades e coisas diferentes. agora só quero saber do velho e bom.
SOU RELAPSA, CONFESSO

mas como a maior parte dos meus leitores também é relapsa, ninguém deve ter percebido. há milênios temos alguns links errados ali do lado (pra citar alguns exemplos, o link para a fraude e para o matias psychedelic breakfast). e agora muitos dos meus colegas blogueiros mudaram de casa (como minha irmãzinha querida, o alexandre soares silva e o fábio danesi rossi). ainda não tive disposição pra ir remexer o template e corrigir. paciência, meus caros. daqui a pouco eu faço isso.
RESUMO DO DIA DE HOJE ou CONHEÇA O MUNDO MARAVILHOSO DO DIREITO PREVIDENCIÁRIO

...............as contribuições a que se refere o art. 195 da constituição federal têm natureza tributária, de contribuição social para a manutenção e expansão da seguridade social. têm como características principais a aterioridade mitigada ou nonagesimal, conforme o art. 195, § 6º, CF, a imunidade das entidades beneficentes de assistência social, de acordo com o art. 195, § 7º, CF, e a exceção à competência exclusiva da união para sua instituição, pois os demais entes políticos podem instituir contribuições sociais no interesse de seus próprios servidores, para criar um regime próprio de previdência a estes destinado. caso decidam não exercer esta competência, submetem-se ao regime geral de previdência, segundo o art. 195, § 1º, CF..............

ZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZ
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............ah, sim, mas o sistema de seguridade social, de acordo com o princípio da solidariedade, será custeado direta e indiretamente por toda sociedade...................

trevas.

EU POSSO COM ISSO?

hoje percebi que minha faringite de estimação está ensaiando uma nova visita. o que me surpreende bastante, uma vez que ela só costuma aparecer quando nuvens negras me rodeiam. e por enquanto está tudo azul.

céus. será que agora estou somatizando os problemas dos outros?
A TRISTEZA COMO PONTO DE PARTIDA

o que músicos como morrissey, nick drake e renato russo têm em comum? essa matéria da b*scene responde. o mais engraçado é que eu sempre achei que existia uma certa convergência entre eles. gostei de ver a idéia melhor elaborada.

4 de maio de 2003

RAPIDINHAS - THE SMITHS

"the passing of time and all of its sickening crimes
is making me sad again
but don't forget the songs that made you cry
and the songs that saved your life
yes, you're older now
and you're a clever swine
but they were the only ones who ever stood by you"
CLOSING TIME

sim, a última noite da bunker veio e foi. aos que não foram, espero sinceramente que tenham outra chance em junho. aos que foram, também. o lugar estava muito cheio e tenho lá minhas dúvidas se todas as pessoas que se postaram na fila debaixo de chuva fina conseguiram entrar. eu consegui, para enfrentar sensações semelhantes às de quarta feira, com o diferencial de que desta vez raptei um queijo e dancei bastante a noite inteira. só saía da pista para matar a sede (que, confesso, era imensa, uma vez que todos suávamos em bicas) ou para conversar com amigos. quanto a estes, espero que não desapareçam da minha vida apenas porque a bunker talvez o faça. não são muitos; disse ontem pra um deles, a gente tem que garimpar muito às vezes pra encontrar pessoas que valham a pena. mas quando encontramos, fazemos de tudo para que não nos percamos delas. acho que é essa possibilidade a parte mais difícil, para todos nós. então é isso que eu quero dizer. não nos percamos uns dos outros.

3 de maio de 2003

ESQUECI DE DIZER

o ponto alto do dia de ontem foi entrar num sebo e finalmente encontrar as meninas, da lygia fagundes, a um preço aceitável. tinha emprestado meu exemplar pra alguém e, desnecessário dizer, nunca mais o vi. ah, sim, também consegui uma cópia de invisible man, do ralph ellison. estava querendo ler há tempos. estava até disposta a ir contra todos os meus princípios e ler na biblioteca do ibeu.

digo logo, empréstimos só serão concedidos mediante prévia assinatura de contrato de depósito. porque, caso não haja devolução, caberá a prisão civil do infiel. bem feito.

2 de maio de 2003

PENSANDO ALTO II

há certas coisas que só digo aqui porque estou vagamente convencida de que ninguém está prestando muita atenção. tomara que eu não esteja enganada. ou tomara que eu esteja. não sei bem.
RAPIDINHAS - THE SMITHS

"the rain falls hard on a humdrum town
this town has dragged you down
and everybody's got to live their life
and god knows i've got to live mine
god knows i've got to live mine"
PENSANDO ALTO

engraçado que me disseram hoje, quanto mais atenção e energia você dedicar a sua busca, mais rápido ela deverá se desenrolar. e quanto mais rápido ela se desenrolar, mais rápido virão as catarses. será que isso é uma? não sei, não sei. pode ser. mas não sei.

passei o dia inteiro com essa coisa me pegando pela goela, começou discreta, piorou gradativamente, agora está forte. não sei bem o que dizer. só quero que passe. não quero que passe sem que cumpra qualquer que seja o seu papel, mas quero que passe. sei que vai passar.

1 de maio de 2003

PAUTA DO DIA

é dia do trabalho, né? não exercerei nenhuma atividade laborativa além de comer sucrilhos e praticar ioga e morgar no sofá. isso até chegar a noite, que será cinema seguido por destino incerto.
Ó CÉUS PARTE II

o que não era a bunker ontem? não, na boa. estou com medo. MUITO MEDO. se estava assim na quarta feira (frise-se, dia oficial de drum n' bass e vácuo sideral na casa), o que acontecerá na sexta? pior, no sábado? mal dava pra respirar na pista. quente, abafado, cheiro de maconha pra todos os lados possíveis, escuridão desesperadora, 99% da população trêbada. tentei ir ao banheiro em um momento, e ha ha. nas poucas vezes em que arrisquei dançar, comecei sinceramente a questionar aquela lei da física que diz que dois corpos não podem ocupar o mesmo lugar no espaço - e acredite, meus motivos para tal não eram nada nada agradáveis.

ok, tudo isso era previsível. o que não torna menos desagradável. num ponto da noite, desisti de dançar, e fui bater papo na entrada, único lugar em que eventualmente dava pra curtir uma quase imperceptível brisa fresca (?) vinda pela porta da interditada pista três. me disseram que aquela era a bunker bombante dos velhos tempos, apenas com um teor etílico substancialmente superior, conseqüência óbvia da bebida a preços invisíveis a olho nu. de minha parte, prefiro bunker decadente, vazia ou semi-vazia, com lots of space pra se movimentar e dançar e se acabar, e mais importante, com AR. porque, last time i checked, eu ainda precisava respirar. se bem que, se eu sobrevivi a ontem, essa necessidade provavelmente estar mitigada.

apesar da incrível concentração de pessoas alteradas, não vi nem sombra de briga. pelo menos isso. o mais engraçado foi zarpar às cinco da manhã, quando o lugar já tinha esvaziado substancialmente. muita gente toscamente largada pelo chão, pelos cantos, num estado de pré-coma alcóolico. não tinha quase ninguém que não estivesse pelo menos trocando as pernas. seria talvez o momento ideal pra uma excursão dos AA irromper no recinto, pregando a respeito dos malefícios do álcool. muito material de amostragem. talvez eu mande um e-mail para o grupo sugerindo.

uma última observação. se o seu objetivo é encher a cara, conselho camarada: VÁ HOJE. não sei se vai sobrar bebida até sexta. pra sábado então, ô. talvez só restem latinhas de refrigerante e garrafas de água mineral, o que pra mim é ótimo. optei por não beber ontem, porque quando faço o contrário, fico com uma sede e um calor desgraçados. deus é testemunha de que eu não precisava nem queria sentir mais sede e calor ontem.
Ó CÉUS PARTE I

é fato. o universo não quer que eu veja a cara da tati figurinha.