31 de maio de 2004

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a sensação é de que tudo dá certo o tempo todo. de que tudo dá errado o tempo todo. de que tudo é tão fácil o tempo todo. de que nada nunca foi tão difícil. de amar desesperadamente odiar desesperadamente o tempo todo o tempo todo o tempo todo. é pra ser assim? sinto ganas de quebrar grilhões enquanto me agarro desesperadamente às suas mãos. e resisto à tentação de tirar você da minha vida enquanto resisto à tentação de tornar você o centro da minha vida enquanto resisto à tentação de acabar de vez com a minha vida. porque a sensação é de que tudo angustia, quando é bom angustia, quando é ruim angustia. estar com alguém angustia, estar sozinha angustia. a sensação é de que tudo tem que ser resistir, resistir a mim, resistir a você. a tudo. quando nada flui, esse meu tentar desesperadamente fazer fluir é o mesmo que impedir de fluir, enquanto fazer nada para fazer fluir é permitir que persista a ausência de fluir. então o que? e você me pede, deixe as coisas fluirem. como, se não estão fluindo? se não fluem? o que você me pede? que eu faça com que elas fluam? que não? é tudo tão certo e tão errado e tão certo o tempo todo. fico resistindo a tudo e nada flui quando resisto e nada fluirá quando eu deixar de resistir. eu fico imaginando exatamente o que é isso que você me pede. se não é exatamente isso o que você me pede.
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mesmo com todo esse ioga, ando uma pilha de nervos. tenho pelo menos cem páginas de monografia por escrever, e em momentos como esse, apesar de ter a idéia toda bonitinha na minha cabeça, não consigo colocar uma linha no papel. e rôo unhas. e ataco barras de chocolate. e fico obcecada com os aspectos mais insignificantes da minha vida diária. e rôo unhas.

céus. haja ioga.

17 de maio de 2004

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conhecem a sensação de chegar perto demais de um quadro de maneira a tornar impossível efetivamente enxergá-lo? a analogia se aplica na relação eu - tema da minha monografia.

uma considerável ignorância a respeito de um tema é sempre necessária para que se possa falar sobre ele. os jornalistas da revista veja que o digam.

aliás, aproveitando o ensejo, é isso, mais uma virose (talvez dengue de novo) o que tem me afastado daqui. estou até o couro cabeludo com poder normativo de agências reguladoras, princípio da separação dos poderes, estado democrático de direito, princípio da legalidade, consensualidade na administração pública, teoria de ordenamentos setoriais, delegações legislativas, poder regulamentar. sem sobrar muito espaço pra literatura e devaneios. também tem que dengue me deixa anti-social.

mas eu sempre volto.