25 de janeiro de 2005

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mas sim, continuo sem computador, e na dependência de computadores alheios encabulativos. mas, mais do que a isso, o ínfimo volume de posts aqui exposto se deve ao fato de que estou me obrigando a não me obrigar a postar. a não me obrigar a escrever, de uma maneira geral.
há vantagens, desvantagens, mais desvantagens ainda nessa postura, sim, eu sei. a coisa é que já ando me obrigando demais a tantas outras coisas que, nesse momento, por esse ou aquele motivo, são prioritárias.
já tenho 624 anos. tive meu rito de passagem, meu rito de passagem já passou, e com meu rito de passagem passado, passou da hora de crescer. e tudo bem que já sou, sempre fui, muito crescida para muita coisa. mas, céus, para outras, tantas outras. falta vocação para a vida. e já está na hora de criar vocação para a vida. ou pelo menos de suar para chegar perto do minimamente aceitável na postura diante da vida.
é uma opção pessoal, não é pressão externa, não é necessidade premente. é só uma decisão que tem me parecido inexorável. a hora é agora, a vida urge, o mundo me bate na porta. essa vida de gente grande, que, torço, está prestes a tornar-se minha, só minha, genuinamente minha. de mais ninguém que o valha.
e, quem sabe, logo serei gente grande. logo estarei pagando contas /dando uísque de presente para os amigos / assinando financiamento/ fazendo networking / e todas essas coisas que gente grande faz. mas preciso me obrigar a um monte de coisas pra poder um dia vir a fazer todas essas outras coisas. escrever, sadly, não vai pagar as minhas contas.
mas escreverei quando não houver outra escolha ou caminho, o que foi o caso em tantos outros momentos da minha vida. quando tiver que escrever. quando precisar desesperadamente dizer.
isso aqui continua sendo o meu refúgio. mesmo que ninguém mais leia porque é hoje impossível identificar qualquer espécie de freqüência no meu padrão de escrita. independentemente de platéia, porque platéia nunca foi meu foco (ou, pelo menos, sempre tentei que não fosse). continuarei escrevendo, eventualmente. só decidi que não vou me obrigar a escrever.
no fim, a essência da coisa é sempre o fluxo. correntes ora me levam para outras direções. mas acabarão me trazendo de volta pra cá.
ESSE POST DEVERIA TER SIDO ESCRITO DUAS SEMANAS ATRÁS
tsunami é a palavra mais banal do mês, do ano, da década. virou metáfora pra falar de tudo. absolutamente tudo. tragédias de todo tipo. preço do pão. todo mundo quer usar. toda vez que entro em contato com essa palavra, parece que o interlocutor está me dizendo "olha-tia-olha-eu-sei-o-que-é-tsunami", e me pedindo pra ganhar uma estrelinha dourada no caderno.
não utilizarei novamente, se é que algum dia utilizei, portanto. por tanto.
deus nos proteja toda vez que a imprensa aprende uma palavras nova.