24 de fevereiro de 2005

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mas estou dormente. sei que vou começar a formigar daqui a pouco, sei que vai começar a doer, angustiar, desesperar, daqui a pouco, muito pouco. mas agora está anestesiado, dormente, numb, escondido em algum lugar que ainda não sentiu o impacto, que ainda está em negação.
não sei se admitir com tranquilidade corriqueira coisas que seriam inconcebíveis, inadmissíveis, inimagináveis até cinco minutos atrás é sinal de alienação ou de nirvana. estou inclinada a optar pela primeira, mas bem que podia ser o segundo, ô podia.
perguntarei aos universitários. e saberei quando, se, quando, o impacto vier. por ora é o limbo.
como é difícil amar as pessoas.
ENTRANDO NO TERRENO DAS GENERALIZAÇÕES PERIGOSAS

todos, absolutamente todos, os problemas em seara de relações humanas parecem estar definidos no binômio: expectativas / não atendimento de expectativas. sim, eu disse todos.

mas desejo imensamente que o universo me prove errada. please do.

10 de fevereiro de 2005

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falta de excessos à parte, ando interessadísima (nãaaaooo!) em política. bradando aos cinco ventos contra o aumento de impostos das prestadoras de serviços (não, não sou prestadora de nenhum serviço, ou pelo menos, não de serviço remunerado). contra as excrescências da eleição para presidente da câmara de deputados. contra hugo chaves, fsm, mst, caros amigos. contra davos, fmi, bush, veja. ando interessadíssima em tudo isso e abismada porque ninguém esta interessadíssimo em nada disso. abismada. dinheiro publico, queridos, dinheiro publico. ou seja, meu, seu, dos outros. de ninguém, aparentemente.

mas alugo ouvidos alheios e me abismo com a relutância dos ouvidos alheios em serem alugados.

eu mesma tenho meus periodos de alheamento, necessários para não sair correndo do país sem nem apagar a luz. eu mesma me alieno, mas sou profundamente intolerante com a alienação dos outros quando não estou alienada. muito feio. não deveria me alienar. me alieno por instinto de sobrevivência. não tolero o instinto de sobrevivência dos outros. talvez porque nem sempre a alienação seja sinônimo de instinto de sobrevivência, sim, talvez. mas enfim. ainda assim. muito feio.

é só que são sempre os mesmos absurdos e nunca ninguém sabe, quer saber, vai saber. todo mundo reage como se fosse sempre uma grande novidade, ou nenhuma novidade, é tudo uma merda, tudo uma grandissíssima merda, mas então, vai fazer sol no fim de semana? e ninguém sabe. só quando todo mundo souber, quiser saber, vier a saber, só então talvez não aconteçam mais os mesmos absurdos. vivo entre a expectativa da utopia e a expectativa da fuga. cenas dos próximos capítulos dirão o que virá primeiro.

no meio tempo, ando interessadíssima em tudo isso, e os pobres dos ouvidos que ando alugando andam interessadíssimos em me evitar a qualquer custo.
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carnaval de descompressão - compressão e descompressão sendo as palavras de ordem do tempo presente. vácuo absoluto no quesito noitadas, festas, sambas enredo, desfiles, álcool. pouca cafeína. nenhum estudo. floresta da tijuca, lagoa, calçadão de copacabana. um pouquinho de praia e de sol, cineminha de tarde, boa mesa, boa cama. olhar a roupa rodando na máquina de lavar. trânsito, como tem trânsito no rio no carnaval. ando uma moça de poucos, quase nenhum, nenhum, excesso.
essa quinta feira de cinzas carece de cinzas. agora é que o ano começa. ou segunda feira que vem, já que tudo que dá pra adiar um pouquinho a gente adia.