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me fazer de virtuosa é fácil, tão fácil, em terra de cego. mas. de soslaio, o desejo, esse demoniozinho no ombro que volta e meia me sussurra obsessões ridículas no pé do ouvido. me distrai por um segundo, nada podendo fazer a respeito, indago acerca da causalidade desse objeto: por que quero porque quero, um bibelôzinho colorido e inúitil. indago, como quem coça uma alergia ligeiramente incômoda, apenas ligeiramente incômoda apenas. apenas. mas. minto: incomoda algo mais. nem sei se quero tê-lo, bibelozinho. incômodo tão maior que o incômodo menor usual dos desejos, seria um desejo maior? me impediria o caminho da virtude que necessito ao menos emular. ao menos. manter fora de vista, seria a solução. ou destruir. destruir. o desejo de destrução aniquilação solução final holocausto um novo demoniozinho. mas. destruir. também me impediria o caminho da virtude. impediria? indago, finjo ignorar a coceira, impassível, me sussurra, não posso, de soslaio. me faço de virtuosa em terra de cego. em terra de cego ninguém enxerga. lá. muito bem. demônios. e anjos? indago. coça.
6 de fevereiro de 2006
5 de fevereiro de 2006
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ando tomada de um egoísmo delicioso. por isso talvez não ande escrevendo, não me orgulho, não registro, quero me fazer de virtuosa e fazer como que ele não está aqui. não quero olhar para trás e ver essas pegadas. essas pegadas. mas essas pegadas. mas esse egoísmo.,
um sabor quase lascivo. escorre. pinga. transpira.
deslizo.
esse egoísmo sua.
suo.
sua.
ando tomada de um egoísmo delicioso. por isso talvez não ande escrevendo, não me orgulho, não registro, quero me fazer de virtuosa e fazer como que ele não está aqui. não quero olhar para trás e ver essas pegadas. essas pegadas. mas essas pegadas. mas esse egoísmo.,
um sabor quase lascivo. escorre. pinga. transpira.
deslizo.
esse egoísmo sua.
suo.
sua.
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encaro nos olhos a suposta proclamada vulgaridade da escrita em primeira pessoa, e percebo advir ela de algo que definiria como limitação pessoal: sou-me intransferível. não desejo olhar para o outro, não tenho qualquer curiosidade acerca de alguma subjetividade que seja alheia à minha própria. pois só me interesso por mim mesma, e o outro só me interessa na medida em que olha para mim.
vulgaridade? suprema. tento desviar atenções, teço discursos gastos, me finjo autêntica, não me escondo atrás de personagens: mas me escondo atrás de uma linguagem que não utilizo com tanta destreza, mas em terra de cego. em terra de cego. me dispo acreditando me vestir, como o imperador do conto. as pessoas querem tanto tanto acreditar nos trajes e não há olhar inocente a apontar a verdade. a VERDADE. não me escondo atrás de personagem, sou minha própria personagem e nenhuma mais falsa que esta.
escrever em primeira pessoa é mentir que se fala de si. mentira? a suprema. suprema.
encaro nos olhos a suposta proclamada vulgaridade da escrita em primeira pessoa, e percebo advir ela de algo que definiria como limitação pessoal: sou-me intransferível. não desejo olhar para o outro, não tenho qualquer curiosidade acerca de alguma subjetividade que seja alheia à minha própria. pois só me interesso por mim mesma, e o outro só me interessa na medida em que olha para mim.
vulgaridade? suprema. tento desviar atenções, teço discursos gastos, me finjo autêntica, não me escondo atrás de personagens: mas me escondo atrás de uma linguagem que não utilizo com tanta destreza, mas em terra de cego. em terra de cego. me dispo acreditando me vestir, como o imperador do conto. as pessoas querem tanto tanto acreditar nos trajes e não há olhar inocente a apontar a verdade. a VERDADE. não me escondo atrás de personagem, sou minha própria personagem e nenhuma mais falsa que esta.
escrever em primeira pessoa é mentir que se fala de si. mentira? a suprema. suprema.
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