9 de junho de 2013
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a vida que existe em tudo, como objetos num espelho, está sempre mais perto do que parece. tantas vezes atropelei-a atropelou-me enquanto acreditava viajar a uma distância segura. tantas vezes estilhaçou estraçalhou a segurança das distâncias que eu via. que não existiam. belos momentos esses que estraçalham a ilusão das distâncias. belos momentos esses. apesar de parecerem tristes. apesar de parecerem trágicos. apesar de me tirarem o sangue. belo o sangue que nos corre nas veias dar as caras de vermelho vivo. mesmo quando escorre para fora dos pulsos. mesmo quando esparrama e tinge o asfalto da estrada ainda não lavada pela chuva ou por mais vida viva vermelha de sangue. triste trágica viva alegria de sangue e pulso em tudo que pulsa, é, está, mais perto. mais perto. tão perto. que pulsa em nós. que está em em nós. que escorre transborda de nós. que vive. e é. nós.
24 de maio de 2013
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esses dias são semente. esses dias sou semente. ponto de vida inquietude que não mais hiberna. que desperta. movimento que acorda, espreguiça, se estica, bate na crosta. rompe. impulso na direção de fora que não sabe outra coisa que não rebentar em broto.
há algo na vida que não conhece não. que não para no muro. que insiste. não desiste. há algo na vida que é assim um diamante. uma dureza. irresistível. implacável. inamovível. que não se distrai. que não se desvia. que não se desmonta. que não quer saber o que consome por cima de quem passa o que destrói por onde vai onde vai. há algo na vida que vai.
há algo na vida que urge. no tempo da vida quando foi já era quando é hora já é. há algo na vida que não pede licença. não espera vez. não pega senha. há algo na vida no tempo da vida que sabe seu tempo e quando chega o tempo é tempo. é.
há algo na vida que sabe seu caminho que não tem caminho. há algo na vida que não tem eira. que não tem beira. não tem direção. há algo na vida que vai pra todo lado. se espalha. se espraia. há algo na vida que não tem fim.
há algo na vida que sabe exatamente o fim. que se sabe o fim. que se sabe e fim.
sou assim semente inquieta de vida urgente indizível inadiável implacável batendo na crosta de mim. por onde broto, que frutos dou, não sei, não saberei, a vida não diz. nada na vida diz até ter digerido tudo de mim e de mim não sobrar nada além de vida que passa por cima de mim. que leva o nada de mim que sobra para o fim que ela não tem que nada tudo conhece. quando for fruto não serei já semente há tanto tempo que será como se nunca tivesse sido.
fui?
se fui, também um dia fui fruto
fui?
se fui foi há tanto tempo que não sou.
sou?
há tanta vida que não sei. que sou.
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